20 de abr. de 2012

À NOITE TOMBA DE REPENTTE



Assisto a tudo, serenamente,
como quem nunca viveu.
A noite tomba de repente.

Hora de olhar e não ver nada,
hora discreta, fina, que eu
sinto fugir, abandonada.

Um grito rasga o céu sereno.
Ah! para que anda no infinito
aquele grito?

A noite veio como um doente
que bebe as horas como um veneno.

E eu olho tudo, serenamente.

Mas o grito que rola e enche todo o infinito,
e desce à terra e sobe ao céu,
esse grito, entretanto,
vem de mim mesmo, num desencanto,

é MEU!...


Emílio Moura
in "Itinerário Poético"

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