26 de jun. de 2012

NOTURNO



(Nítido, flui o luar na noite imensa.)

Denso jardim de arranha-céus,
Florindo anúncios luminosos
E as rumorosas multidões
Dos que não sabem estar sós.

(Largo silêncionoturno,
Todo bordado de grilos).

Gritos histéricos de “jazz”
E o soluçar dos saxofones
Dilaceram a noite.

(Um vento embalsamado embala o luar.)
Vão naufragar no despero
Os que colheram ainda verde
O fruto mágico da vida
E, para sempre, ignoram seu sabor profundo.

(Em silêncio, a alma exala
Um perfume de oração.)

Helena Kolody,
in A Viagem no ESpelho

Nenhum comentário:

Postar um comentário