(Nítido, flui o luar na noite imensa.)
Denso jardim de arranha-céus,
Florindo anúncios luminosos
E as rumorosas multidões
Dos que não sabem estar sós.
(Largo silêncionoturno,
Todo bordado de grilos).
Gritos histéricos de “jazz”
E o soluçar dos saxofones
Dilaceram a noite.
(Um vento embalsamado embala o luar.)
Vão naufragar no despero
Os que colheram ainda verde
O fruto mágico da vida
E, para sempre, ignoram seu sabor profundo.
(Em silêncio, a alma exala
Um perfume de oração.)
Helena Kolody,
in A Viagem no ESpelho
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